De acordo com Rafael Arruda, exames laboratoriais mostraram que a bebida consumida pelas vítimas tinha concentração de metanol 300 vezes acima do limite legal. Em um dos casos, a quantidade da substância no sangue era cinco vezes maior que o nível recomendado para iniciar o tratamento.
"O que a gente achou é que a quantidade de metanol presente nas garrafas era 300 vezes maior do que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) permite para essas fabricações fermentadas dessas bebidas destiladas", informou o perito.
A norma do Ministério da Agricultura e Pecuária estabelece que o limite de metanol é de 20 ml para cada 100 ml de álcool anidro (etanol puro). Acima disso, a substância se torna altamente tóxica.
Pernambuco já contabilizou 48 casos suspeitos de intoxicação por metanol. Desses, 27 seguem em investigação e 18 foram descartados. Os três casos confirmados são:
Celso da Silva, de 43 anos: deu entrada no Hospital da Mestre Vitalino (HMV) no dia 2 de setembro e morreu uma semana depois, no dia 9;
Marcelo dos Santos Calado, de 32 anos: que deu entrada no HMV no dia 4 e recebeu alta no dia 23, com perda da visão;
Jonas da Silva Filho, de idade não informada: morreu na madrugada do dia 29 de agosto, antes de ser transferido para o HMV.
O perito explicou que a confirmação da intoxicação depende da rapidez na coleta de exames, pois o corpo metaboliza o metanol em pouco tempo, dificultando a detecção.
Em um dos casos, a vítima morreu poucas horas após ingerir a bebida, o que permitiu identificar o metanol no sangue.
"A janela de detecção, que a gente fala, do período de 14 a 18 horas, é muito importante, porque depois disso, o metanol vai ser metabolizado e a gente não vai conseguir fazer essa constatação. [...] Como a vítima foi a óbito algumas horas depois da ingestão, o fígado da vítima parou de metabolizar. Então, a gente conseguiu fazer a quantificação do metanol", declarou.
Sobre a chance de existirem outras vítimas que morreram por intoxicação, o perito afirmou que ainda não é possível confirmar.
"Isso só as investigações, quando forem avançar, que a gente vai poder saber quem foi vítima ou não, e se existiam outras vítimas relacionadas a esse caso. Por enquanto, corre ou em segredo de Justiça, ou em segredo de análise pela própria saúde", declarou.
SDS divulga atualizações sobre casos de intoxicação por metanol em Pernambuco — Foto: Mariane Monteiro/g1
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