A Bora (Biblioteca de Obras Raras “Fausto Castilho”) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) recebe, de 7 de novembro de 2025 a 10 de janeiro de 2026, a exposição Ausências Brasil, do fotógrafo argentino Gustavo Germano. A mostra gratuita propõe um mergulho sensível e potente na memória das vítimas da ditadura militar brasileira (1964–1985), trazendo à tona rostos, histórias e o vazio deixado pelos desaparecimentos forçados.
Foto: Divulgação
Realizada pelo NM (Núcleo de Preservação da Memória Política) em parceria com a universidade estadual, a exposição integra o trabalho do fotógrafo sobre as ditaduras latino-americanas. O projeto teve início na Argentina, motivado pelo desaparecimento de seu irmão, Eduardo Raúl Germano, sequestrado pela ditadura em 1976 e identificado apenas em 2014. Em 2012, o fotógrafo trouxe o projeto ao Brasil, reunindo 12 histórias de desaparecidos políticos da ditadura de diferentes estados, do Ceará ao Rio Grande do Sul.
Em cada obra, Germano justapõe duas fotografias: uma tirada antes da ditadura, em momentos cotidianos ou festivos, e outra feita décadas depois, no mesmo cenário, mas com a ausência física daquele que foi morto ou desaparecido pelo regime. O contraste visual revela a permanência da dor e da saudade, transformando as ausências em presenças simbólicas — da injustiça, da memória e da resistência.
Um exemplo emblemático é o de Luiz Eurico Tejera Lisboa, militante da ALN (Ação Libertadora Nacional), assassinado pela ditadura em 1972. Em uma das séries, a esposa Susana e a mãe Milky posam no mesmo local onde, décadas antes, Luiz aparecia ao lado delas em uma foto de casamento. O corpo de Luiz foi ocultado pelo regime e só localizado em 1979, no cemitério de Perus (SP). O caso, que o regime tentou encobrir como suicídio, foi reconhecido como assassinato em 1990.
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Gustavo Germano
Além das fotografias, a mostra contará com visitas educativas mediadas, rodas de conversa com ex-presos políticos e formações voltadas a educadores, promovendo o diálogo sobre os impactos da violência de Estado no passado e no presente. Para a museóloga Kátia Felipini Neves, do Núcleo Memória, o projeto é uma forma de reparação simbólica: “Cada vez que apresentamos essa exposição, é uma maneira de reparar essas famílias e reafirmar a importância da democracia”.
A Biblioteca de Obras Raras “Fausto Castilho”, local de grande valor cultural e histórico, abriga o evento com o apoio do Laboratório de Arqueologia Pública Paulo Duarte (Nepam/Unicamp), da ONHB (Olimpíada Nacional em História do Brasil), do Departamento de História do IFCH, e da COCEN, que reúne os centros e núcleos da universidade.
Agenda da exposição sobre a ditadura
Abertura – 7 de novembro (sexta-feira)
9h às 11h: Visita educativa mediada
13h: Abertura oficial, com a presença de Maurice Politi e Kátia Felipini (NM), Antonio Donato (PT), Danielle Thiago Ferreira (BORA), Aline de Carvalho (NAP/Nepam) e Cristina Meneguello (ONHB/IFCH)
14h: Roda de conversa com ex-presos políticos Maurice Politi e Manoel Cyrilo
13 de novembro (quinta-feira)
14h: Formação de educadores e roda de conversa com ex-presos políticos
Serviço Exposição: Ausências Brasil, de Gustavo Germano Período: 7 de novembro de 2025 a 10 de janeiro de 2026 Local: Biblioteca de Obras Raras “Fausto Castilho” – Unicamp Endereço: Rua Sérgio Buarque de Holanda, 441 – Cidade Universitária, Campinas Horário: Segunda a sexta, das 9h às 17h (fechada aos fins de semana) Entrada: Gratuita Acessibilidade: Visitas mediadas para grupos e recursos de audiodescrição Recesso: De 22 de dezembro de 2025 a 4 de janeiro de 2026
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isabelagalvao
Estudante de jornalismo de 22 anos, graduanda na Puc Campinas, com experiência de estágio de um ano e meio em emissora local.