Ingrid Guimarães - Foto: Instagram
Ingrid Guimarães, atriz conhecida por sucessos como “De Pernas pro Ar”, anunciou que não comparecerá mais a premiações nacionais de cinema. A declaração ocorreu durante entrevista em São Paulo, na última segunda-feira (7), ao divulgar o filme “Perrengue Fashion”. A artista citou a falta de reconhecimento ao gênero comédia como motivo principal para a decisão.
A produção nacional de humor enfrenta barreiras em eventos como o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Filmes do segmento recebem indicações mínimas e raramente são exibidos durante as cerimônias. Guimarães destacou que o Brasil produz comédias que atraem milhões de espectadores, mas elas são tratadas como secundárias.
Essa posição reflete uma insatisfação acumulada na carreira da atriz, que acumula mais de 20 anos em papéis cômicos. Em 2023, ela recebeu o Troféu Cidade de Gramado, mas usou o momento para cobrar mais espaço para o humor. A ausência em futuros prêmios visa pressionar por mudanças na programação e na premiação.
Espaço limitado para comédias em eventos de cinema
O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro dedica pouco tempo a produções de humor. Em edições recentes, apenas 10% das categorias incluem indicados do gênero, segundo dados da Academia Brasileira de Cinema. Filmes como “Minha Mãe é uma Peça” somaram mais de 11 milhões de ingressos, mas não receberam destaque equivalente.
Guimarães apontou que as exibições ocorrem em horários periféricos, longe do foco principal. Essa prática afeta a visibilidade de atores e diretores do setor. A atriz mencionou que até o Oscar, apesar de conservador, oferece mais oportunidades que eventos locais.
Sucessos de bilheteria ignorados por comediantes
Filmes de comédia lideram as bilheterias nacionais há anos. A trilogia “De Pernas pro Ar”, estrelada por Guimarães, ultrapassou 11 milhões de espectadores no total. Títulos como “Minha Irmã e Eu”, de 2023, também superaram 2 milhões de ingressos, mas sem indicações expressivas em prêmios.
“De Pernas pro Ar 2” (2012): 4,8 milhões de espectadores.
“Minha Mãe é uma Peça: O Filme” (2013): 4,5 milhões.
“Loucas pra Casar” (2015): 3,7 milhões.
Esses números contrastam com a recepção em premiações, onde dramas dominam 70% das vitórias. A atriz argumentou que o sucesso comercial deveria influenciar a seleção de homenageados.
A indústria cinematográfica brasileira faturou R$ 2,5 bilhões em 2024, com comédias representando 40% da receita. Ainda assim, o gênero fica sub-representado em festivais.
Declaração de Ingrid expõe debate no setor audiovisual
A fala de Guimarães ganhou repercussão imediata nas redes sociais. Colegas de profissão compartilharam experiências semelhantes sobre a marginalização do humor. Um diretor de comédias relatou que roteiros do gênero recebem menos financiamento de estatais.
Essa crítica chega em momento de expansão do streaming, onde produções leves atraem assinantes. Plataformas como Prime Video investiram em originais brasileiros de humor, como “5x Comédia”, com participação da atriz. O mercado global mostra que comédias representam 25% dos prêmios em eventos como o Emmy Internacional.
Produtores associam o problema a preconceitos históricos contra o entretenimento popular. Guimarães enfatizou que o gênero exige técnica rigorosa, comparável a outros formatos. A ausência dela em prêmios pode inspirar boicotes coletivos.
Carreira de Guimarães marcada por papéis cômicos
Ingrid Guimarães iniciou na TV nos anos 1990, com participações em novelas da Globo. Sua transição para o cinema ocorreu em 2010, com “De Pernas pro Ar”, que lançou a franquia. Desde então, ela atuou em mais de 15 longas, muitos como roteirista.
Em 2026, lança “Minha Amiga”, ao lado de Mônica Martelli, sobre amizade e maternidade. O filme, dirigido por Susana Garcia, explora dilemas cotidianos com humor. Guimarães também produz conteúdos para streaming, focando em narrativas leves.
A atriz acumula indicações ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, mas sem vitórias em categorias principais. Seu trabalho em teatro, como “Razões para Ser Bonita”, mescla comédia e drama social.
Projetos recentes reforçam compromisso com o humor
“Perrengue Fashion”, estreado em outubro, une moda e Amazônia em trama leve. Guimarães interpreta uma influenciadora que viaja à floresta para resgatar o filho. O filme arrecadou R$ 5 milhões na primeira semana.
Ela dirige e roteiriza parte dos projetos para garantir autenticidade. Em “Eleita”, série de 2022, aborda política com sátira. Esses trabalhos somam mais de 30 milhões de visualizações em plataformas.
Guimarães planeja mais comédias familiares, visando públicos jovens. Sua produtora, Morena Filmes, prioriza roteiros femininos. O foco permanece em narrativas acessíveis, apesar das críticas ao gênero.
Reações iniciais à posição da atriz
Atrizes como Tatá Werneck apoiaram a declaração publicamente. Elas destacaram a necessidade de equidade em premiações. Festivais como Gramado prometeram revisar programações para 2026.
O público reagiu com petições online por mais inclusão de comédias. Mais de 50 mil assinaturas em uma semana pedem exibições dedicadas. Entidades como Ancine discutem políticas para gêneros sub-representados.
Essa mobilização pode alterar dinâmicas em eventos futuros. Produtores veem oportunidade para parcerias internacionais de humor.