Criado em 1924, o Dia das Crianças é um momento especial para brincar e se divertir, mas nem sempre foi assim. Se hoje a data significa presentes e roteiros especiais, para as gerações do passado ela era quase despercebida. Em São Caetano, duas famílias mostram como o feriado mudou juntamente com as brincadeiras, as tecnologias e o jeito de ser criança.
A estudante Lara Limonge Almeida, 10 anos, não esconde a ansiedade pelo feriado de hoje. Entre as tarefas da escola e as tardes em casa, sonha com os presentes. “Ainda não sei o que vou ganhar, vai ser surpresa da mamãe e da vovó”, contou, animada. O que ela mais gosta de fazer, porém, é brincar, principalmente com suas bonecas ou jogos eletrônicos. “Consigo inventar personagens, contar histórias e brincar de casinha no meu celular”, disse.
Já sua avó, Marisa Serrano de Almeida, 73, se diverte com as diferenças. “Na minha época, a gente nem sabia o que era Dia das Crianças. Isso não existia”, contou. Para ela, o lugar perfeito para a diversão era com os colegas da rua. “Eu também brincava de casinha, mas era bem diferente. A gente pegava latinhas, folhinhas e pedrinhas. Era tudo inventado, mas éramos felizes”, lembrou. Marisa também relata que, durante a infância, poucas crianças tinham bonecas, uma realidade diferente da de Lara, que conta com um quarto cheio de brinquedos.
Mesmo com as diferenças entre as gerações, elas também se divertem juntas e hoje, quando a neta aparece para brincar de cabeleireira, é a avó quem vira brinquedo. “Às vezes ela fala: ‘Vovó, vou te pentear’. Pega várias presilhas e fitas e me deixa toda bagunçada”, contou Marisa, rindo. Mesmo com as mudanças, a avó gosta de ver como a neta cria e se diverte. “Ela tem o celular, tem jogo, mas ainda usa muito a imaginação. É muito diferente, mas é brincadeira do mesmo jeito.”
A mãe de Lara, Daniela Serrano de Almeida, 49, cresceu em um tempo em que o Dia das Crianças já fazia parte do calendário das famílias. “Na minha infância, a gente já comemorava. Eu e meu irmão esperávamos o presente e almoçávamos na casa da nossa avó”, lembrou. Para ela, o que mudou foi o modo de brincar. “Na minha época, não tinha videogame nem celular. Hoje, a Lara escolhe o que quer ver e brincar, na hora que quiser. Antes, a gente esperava o horário certo para o desenho começar na televisão.”