Moradores de Soledade de Minas denunciaram ao AND a situação degradante em que se encontra a água destinada para suas casas. O descaso mais recente foi apurado no dia 24/08 e percorre até a publicação desta matéria (14/10). Durante a Cobertura da Correspondência local de AND em Soledade de Minas, foram recolhidas várias denúncias anteriores ao caso atual, mostrando que a indiferença do município continua.
Vídeo enviado por moradores
No vídeo, se vê claramente que a água destinada ao consumo da população se encontra com uma aparência barrenta, sendo inutilizada para qualquer consumo humano, isto é, quando chega a ter água na caixa de água de suas casas, já que além de ser inconsumível, é escassa.
A correspondência local de AND recolheu várias denúncias sobre essa questão. Além da já mencionada aparência barrenta e falta de água, muitos moradores comentaram da inutilidade de lavar suas caixas de água, pois em poucos dias a mesma já fica suja com barro e outros resíduos, de ser impossível lavar suas roupas utilizando está água, e que muitas vezes ela sai com um odor de cloro muito forte.
Os problemas não afetam somente uma ou outra rua, sendo reconhecidos pela grande parte da população onde o comitê passou, principalmente em regiões afastadas do centro da cidade ou próximas a ETA (Estação de Tratamento de Água) e ao reservatório de água.
Apatia do Município
O problema se estende desde a fundação do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) em 19/09/2013, pela lei N° 931/2013. Antes, o abastecimento de água da cidade era manejado apenas pela prefeitura, utilizando apenas mananciais de minas de água. Após a criação do SAAE, e com a inutilização de várias fontes de água, se instaurou uma balsa com duas bombas no rio verde na continuidade da rua Antônio Augusto Bacelar.
Balsa do Rio Verde. Foto: AND
Em conversa com vários moradores, foi apurado que os problemas da água barrenta se iniciaram aí, ou seja, o barro vem diretamente da captação de água pelas bombas no Rio Verde.
Segundo dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento), de 2022, 26,51% da população não tem acesso a tratamento de água, sendo significativamente maior que a média estadual e nacional, 16,16% e 15,76%, respectivamente.
Outro problema verificado é que, no processo de distribuição, mais de 50% da água é perdida em problemas na rede e outros erros, demonstrando que além de ineficaz em captar e filtrar as águas do Rio Verde, o mecanismo é propenso a altos desperdícios.
‘A SAAE desconhece o problema’
Em nota, a equipe do SAAE da cidade afirma que desconhece qualquer reclamação vinda dos moradores. Tal afirmação causa indignação, pois é impressionante que o órgão responsável não tenha ouvido sobre o problema que se arrasta por mais de uma década. Além disso, é quase mensal postagens no grupo de Facebook “MANIFESTE COM CAPACIDADE SOLEDADE DE MINAS” usado pelos moradores para se comunicar, postagens da população revoltada com a sujeira da água. Uma delas, feita no dia 08/10 sobre a falta de água que se arrasta em uma residência a dois meses, é cheio de comentários como “Se não se paga a conta da água o corte é rapidinho”, “Será que na casa dos governantes também está assim?”
A conta oficial do SAAE Soledade de Minas usa as redes sociais do mesmo grupo para postar comunicados.
Cresce o protesto pela água
Ao longo dos últimos anos, as massas de diferentes lugares do Brasil têm intensificado o protesto popular pelo direito ao acesso a água de qualidade. No final do mês de agosto, moradores do bairro Rio Novo, em Maceió, Alagoas, protestaram contra a constante falta d’água. Fazendo valer seu direito ao protesto, os moradores incendiaram pedaços de madeira demonstrando repúdio a empresa privatista BRK Ambiental.
No dia 6 de setembro, foi a vez dos moradores de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, protestarem contra a Lei Municipal 3157/2018, que ataca o direito a desconto de 50% sobre o valor da água para as famílias mais pobres, afetando diretamente o acesso a água.
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