A cadeia produtiva do leite estará no centro das atenções do agronegócio gaúcho nesta semana, com a realização do Milk Summit Brazil 2025, que ocorre hoje e amanhã, em Ijuí, no Noroeste do Estado. O evento, sediado no Parque de Exposições Wanderley Burmann, pretende consolidar o polo leiteiro gaúcho como referência nacional em inovação, competitividade e sustentabilidade.
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A cadeia produtiva do leite estará no centro das atenções do agronegócio gaúcho nesta semana, com a realização do Milk Summit Brazil 2025, que ocorre hoje e amanhã, em Ijuí, no Noroeste do Estado. O evento, sediado no Parque de Exposições Wanderley Burmann, pretende consolidar o polo leiteiro gaúcho como referência nacional em inovação, competitividade e sustentabilidade.
Presente em quase todos os municípios do Rio Grande do Sul, o setor leiteiro emprega mais de 62 mil pessoas e representa 2,81% do PIB estadual, movimentando cerca de R$ 18 bilhões. Segundo a Emater-RS, o Noroeste é a principal região produtora de leite cru do Estado, com 741,9 milhões de litros por ano e um rebanho superior a 150 mil vacas.
De acordo com o coordenador do evento e gerente executivo do Sindilat/RS, Darlan Palharini, a escolha de Ijuí como sede reflete a força da região e a necessidade de ampliar o debate sobre os desafios e oportunidades do setor. “O leite centraliza as discussões que envolvem aspectos estratégicos da competitividade, do consumo, da sustentabilidade e da inovação”, explica.
Um dos principais focos do encontro será a competitividade do leite brasileiro diante da crescente presença de produtos importados e da maior oferta interna. “Precisamos discutir como nos preparar para esse momento. O preço pago ao produtor no Brasil ainda está acima do que se paga em países do Mercosul, como Argentina e Uruguai, mas o custo de produção lá é menor”, observa Palharini.
Segundo ele, isso se deve à maior escala de produção por fazenda e à especialização dos produtores nesses países, o que reduz custos de transporte e aumenta a eficiência. O dirigente reconhece que o setor brasileiro vive um processo de concentração produtiva, movimento observado também em outras nações.
“A Argentina tinha quase 100 mil produtores há 20 anos e hoje tem cerca de 10 mil. O Uruguai passou de 30 mil para 5 mil produtores. Esse é um caminho inevitável, porque propriedades que produzem até 200 litros por dia têm dificuldade de rentabilidade. O ideal é que as fazendas alcancem volumes a partir de 800 litros diários para serem sustentáveis”, explica.
Além da competitividade, o consumo interno e a valorização de novos produtos estarão em pauta. Palharini destaca que o consumo de queijos e derivados tem crescido, assim como o de leites com alto teor de proteína e de ingredientes como o whey protein, impulsionando o mercado e abrindo novas possibilidades de agregação de valor à cadeia.
Na quarta-feira, os debates se voltarão para sustentabilidade e inovação, temas que, segundo o dirigente, já fazem parte do cotidiano do setor.
“Hoje não há como falar de produção de leite sem considerar o meio ambiente. Vamos tratar de como produzir mais com responsabilidade ambiental, em painéis com especialistas da Secretaria da Agricultura, da Embrapa e do MilkPoint”, detalha.
A programação também contará com cases de produtores que investem em tecnologia e sucessão rural. “Teremos depoimentos de quem já utiliza robôs na ordenha, mostrando na prática como a inovação pode tornar a atividade mais eficiente e atrativa para as novas gerações.”
Apesar do otimismo com o avanço tecnológico e o potencial de mercado, o momento é de preocupação com os preços pagos ao produtor, que sofrem impacto do aumento da oferta nacional. “Vivemos um cenário de baixa, mas isso não impede que produtores sigam investindo. O importante é preparar-se para um novo ciclo, com margens menores, mas sustentáveis”, afirma Palharini.
Durante os dois dias do evento, os participantes poderão acompanhar palestras, painéis e atividades interativas sobre nutrição, saúde e produção leiteira, com conteúdo técnico e científico. O encontro pretende ser um espaço de reflexão e planejamento para o futuro da cadeia leiteira, unindo conhecimento, inovação e solidariedade para fortalecer o setor e garantir sua competitividade nos mercados nacional e internacional.
O Milk Summit Brazil 2025 é promovido pela Secretaria da Agricultura do RS, por meio do Fundoleite, em parceria com o Sindilat/RS, a Prefeitura de Ijuí, a Emater/RS-Ascar, a Suport D Leite e a Impulsa Ijuí.