Columbus Day - Foto: mangeddie46/Shutterstock.com
O feriado da segunda segunda-feira de outubro, que em 2025 recai sobre o dia 13, mantém-se formalmente como o Dia de Colombo nos Estados Unidos, garantindo o fechamento da maioria dos serviços federais, incluindo correios e bancos. No entanto, o status da data como feriado nacional é cada vez mais desafiado por um movimento crescente de reinterpretação histórica. Uma intensa polarização cultural e política tem impulsionado a adoção do Dia dos Povos Indígenas em seu lugar. Essa coexistência de celebrações no mesmo dia reflete uma profunda disputa sobre a narrativa fundadora da nação e o reconhecimento do legado da colonização.
A figura de Cristóvão Colombo tem sido reavaliada criticamente, e seu legado, antes celebrado como o “descobridor da América”, está agora inseparavelmente ligado à violência, à escravidão e à subsequente devastação das populações nativas. Esse contraponto histórico é a força motriz por trás da ascensão do Dia dos Povos Indígenas, que busca honrar a resiliência e a riqueza cultural das nações originárias. Embora não seja um feriado federal, o reconhecimento local e estadual dessa data alternativa está transformando o cenário cívico dos EUA.
Crescente onda de substituição local e estadual
O Dia de Colombo, instituído como feriado nacional em 1937, é hoje um dos feriados federais mais inconsistente no país. Atualmente, mais de 18 estados e cerca de 200 cidades substituíram ou reconhecem oficialmente o Dia dos Povos Indígenas em seu lugar. Esta adoção massiva reflete um esforço de base para corrigir uma injustiça histórica.
Pioneiros como Berkeley, na Califórnia, começaram o movimento em 1992, marcando o 500º aniversário da chegada de Colombo com uma recontextualização da data. O Dakota do Sul já havia mudado a celebração para o “Dia do Nativo Americano” em 1990. Mais recentemente, cidades grandes como Los Angeles, Portland e Boston juntaram-se à onda de mudança. O Distrito de Columbia também reconhece o Dia dos Povos Indígenas.
Os estados que formalmente não celebram mais o Dia de Colombo incluem: Alasca, Havaí, Iowa, Louisiana, Maine, Michigan, Minnesota, Novo México, Oregon, Dakota do Sul, Vermont, Washington, e Wisconsin.
O Dia dos Povos Indígenas serve para destacar a soberania inerente das nações nativas e as contribuições inestimáveis dos povos indígenas à cultura americana.
Debate político acirrado e o papel do governo federal
A polarização em torno do feriado atingiu o topo do poder federal, oscilando a cada administração. Em 2021, o então presidente dos EUA emitiu a primeira proclamação presidencial reconhecendo o Dia dos Povos Indígenas ao lado do Dia de Colombo, um marco na história americana. Contudo, em 2025, o governo federal optou por não reconhecer a data alternativa, emitindo uma proclamação para o Dia de Colombo, celebrando-o como um “herói americano original” e reafirmando o valor da herança ítalo-americana.
A disputa sinaliza uma divisão profunda que transcende a mera celebração de um feriado. De um lado, há o apelo pela manutenção de uma tradição que valoriza a exploração europeia e a contribuição dos imigrantes italianos. Do outro, está o clamor por justiça social e a inclusão da perspectiva histórica dos povos nativos, que sofreram os impactos da colonização. A decisão federal de retomar o foco exclusivo no Dia de Colombo contrasta diretamente com a tendência de adoção crescente do Dia dos Povos Indígenas em nível estadual e municipal.
Implicações práticas no dia 13 de outubro
Para os cidadãos, o dia 13 de outubro de 2025 se apresenta como um mosaico de operações. Enquanto serviços federais, como o USPS, paralisam as atividades de entrega e as agências bancárias fecham, o setor privado opera em grande parte normalmente. Lojas, a bolsa de valores e serviços de entrega privados como UPS e FedEx não aderem ao feriado federal.
A confusão sobre o funcionamento reflete a falta de uniformidade na celebração. Muitos governos estaduais e municipais, ao adotarem o Dia dos Povos Indígenas, mantêm seus escritórios abertos. Essa disparidade obriga os cidadãos a verificar localmente quais serviços e escolas estão em operação. A situação é um indicador claro de que o significado da data está sendo ativamente renegociado em fóruns legislativos, educacionais e nas ruas das cidades.
Reflexão histórica e o futuro dos símbolos nacionais
O debate vai além da escolha de um nome para o feriado. Ele aborda como os Estados Unidos decidem contar sua própria história. O movimento pelo Dia dos Povos Indígenas está intrinsecamente ligado a um esforço mais amplo para desmantelar símbolos de opressão, evidenciado pela remoção e vandalização de estátuas de Cristóvão Colombo em várias cidades nos últimos anos. Essas ações são manifestações diretas do repúdio ao que é percebido como a glorificação do genocídio.
O feriado em outubro tornou-se um campo de batalha cultural, forçando a sociedade a confrontar a história de violência e deslocamento contra os nativos. Ao celebrarmos o Dia dos Povos Indígenas, reconhecemos a história pré-colombiana e a luta contínua das nações tribais por autodeterminação e pela preservação de suas culturas. A mudança de foco é um passo crucial para um reconhecimento mais honesto e inclusivo do passado e presente americano, impulsionando a educação sobre as primeiras nações, suas línguas, seus sistemas de conhecimento e sua resiliência. A tendência de adoção municipal e estadual sugere que o avanço do Dia dos Povos Indígenas é um movimento de longo prazo, prometendo alterar permanentemente o calendário cívico, independentemente da postura federal.