Entre os dias 28/09 e 03/10, estudantes independentes da Unicamp do campus de Limeira ocuparam a área comum da Faculdade de Ciências Aplicadas, realizando um Acampamento pela Palestina e Moradia Estudantil. A mobilização denunciou:
O descumprimento do compromisso da criação de um Grupo de Trabalho sobre Moradia Estudantil em Limeira, firmado com a Reitoria durante greve em 2023;
A manutenção do convênio com o Technion (Instituto de Tecnologia de Israel, sediado em Haifa), envolvida em pesquisas bélicas e com o aparato militar israelense, em meio ao genocídio e apartheid contra o povo palestino.
Durante a ocupação, foi convocada uma Assembleia Geral no dia 29/09, que deliberou por uma paralisação no dia 30/09, data em que o CONSU (Conselho Universitário da Unicamp) votaria o futuro do convênio com o Technion. Para garantir a paralisação, os estudantes realizaram piquetes na FT (Faculdade de Tecnologia) e FCA (Faculdade de Ciências Aplicadas), interrompendo as atividades acadêmicas e reforçando a mobilização.
A agenda da paralisação contou ainda com a realização da mesa de debate “Palestina Livre: do Rio ao Mar”, organizada pela Frente Rubra Primavera, com participação do professor Marino Mondek, do Comitê Piracicabano de Solidariedade ao Povo Palestino. A atividade discutiu o contexto histórico e atual da ocupação da Palestina, articulando a luta anti-imperialista e anticolonial internacional à realidade da universidade pública.
O rompimento do convênio com o instituto israelense foi aprovado pelo CONSU, uma das principais vitórias do movimento. A mobilização, no entanto, seguiu crescendo, com o número de estudantes acampados saltando de 10 para 40 em apenas dois dias, e mais de 100 pessoas envolvidas diretamente.
A pressão forçou a Reitoria da Unicamp, junto à Prefeitura Universitária dos campi de Limeira, a atender a reivindicações históricas dos estudantes, entre elas:
Criação da Moradia Estudantil permanente em Limeira;
Acúmulo de bolsas para estagiários que recebem bolsa-estágio inferior ao salário-mínimo;
Contratação imediata de professores por concurso público para a FT e a FCA.
Technion e o vínculo com o genocídio em Gaza
Em 24/08/2023 a Unicamp firmou convênio com o Technion, contrato esse que foi assinado em sigilo, o que já evidencia a ausência de um significado acadêmico e científico real, inclusive porque até hoje a natureza e objetivos específicos do Convênio são desconhecidos pela comunidade acadêmica da Unicamp.
O instituto israelense participa ativa e estrategicamente da produção de tecnologia militar utilizada no genocídio na Palestina, como o D9 bulldozer, uma escavadora controlada à distância utilizada para destruir as moradias do povo palestino; “The Scream”, sistema acústico que cria ondas sonoras insuportáveis para os seres humanos a distâncias de até 100 metros; além de desenvolver métodos para descobrir túneis subterrâneos.
SP: Estudantes se mobilizam em ato denunciando o apoio institucional da Unicamp à COP30 contra ‘Imperialismo Verde’ – A Nova Democracia
Estudantes e trabalhadores tomaram as ruas da Unicamp (Campinas) no dia 23 de agosto em uma combativa manifestação convocada pela Frente Rubra Primavera
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A indústria militar israelense se origina nas universidades sionistas, como é o caso da Israel Aerospace Industries, Rafael e Elbit Systems. O Technion mantém estreitas relações com a Elbit e a Rafael, fabricantes de armamentos extensamente utilizados na agressão a Gaza e cujas tecnologias também são exportadas e empregadas em contextos de repressão interna, como contra a juventude negra nas favelas brasileiras e contra camponeses pobres no campo.
Nos últimos meses, o debate sobre esses vínculos acadêmicos e sua relação com o aparato militar israelense ganhou dimensão nacional. A Unicamp foi a primeira universidade pública a romper formalmente o convênio com o Technion. Pouco depois, a Universidade Federal Fluminense (UFF) encerrou sua parceria com a Universidade Ben-Gurion, também após pressão estudantil e denúncias de envolvimento da instituição israelense com a indústria bélica. Na sequência, a Universidade Federal do Ceará (UFC) aprovou o rompimento do intercâmbio com a mesma universidade, declarando solidariedade ao povo palestino e repúdio às ações do Estado de Israel em Gaza.
Enquanto isso, instituições como a USP e a UFMG ainda mantêm convênios ativos com universidades israelenses, o que tem motivado novas campanhas estudantis e debates éticos sobre o papel da universidade pública em contextos de violação de direitos humanos.
A luta do povo palestino e o movimento estudantil em Limeira
Um dos ativistas da Frente Rubra Primavera (FRP), que esteve à frente da mobilização, destacou para a correspondência local do AND que “A heroica resistência do povo palestino frente à ocupação sionista e ao genocídio sistemático em Gaza foi uma grande inspiração para nossa luta. Compreendemos que lutar por moradia, permanência e por uma universidade popular é também enfrentar estruturas coloniais, autoritárias e excludentes que operam dentro das instituições brasileiras.”
Por fim, o membro da FRP afirmou que essa mobilização abre um histórico de luta combativa muito importante no campus de Limeira e relacionou com a importância das universidades servirem ao povo: “A luta contra o convênio com o Technion não foi apenas uma rejeição a uma parceria acadêmica, mas a afirmação de que a universidade pública brasileira deve colocar a ciência a serviço do povo, e não a projetos de guerra e opressão.”
Pôster ‘Resistance is not terrorism’
Artista: @versophilia Impressão em Papel Couche 250g Dimensões: 42cm x 29,7cm (Padrão A3) CONDIÇÕES DE ENVIO: Nossos pôster são tirados mensalmente, estamos …
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