Os contratos futuros de ouro encerraram a sessão à vista desta segunda-feira (13) em disparada. A renovação de recordes de fechamento na sessão acontece a despeito do arrefecimento nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o que poderia impulsionar um movimento de realização de lucros. O pano de fundo para a forte alta hoje é o debate entre agentes do mercado sobre um “debasement” (desvalorização acentuada) entre as moedas do G10, em meio aos temores fiscais em economias desenvolvidas.
Na Comex, a divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), os contratos futuros de ouro com entrega para o mês de dezembro encerraram em alta de 3,31%, a US$ 4.133,00 por onça-troy.
Na última semana, as preocupações fiscais em países como Japão e França levaram a uma forte apreciação do dólar contra o euro e o iene, em um momento no qual o mercado apostava na queda da divisa americana, com a expectativa de uma postura mais “dovish” (propensa a juros mais baixos) pelo Federal Reserve (Fed). Esse contexto, somado a um cenário fiscal desafiador nos Estados Unidos, favoreceu os metais preciosos, enquanto os investidores desfizeram posições vendidas em dólar.
O estrategista-chefe de commodities do Saxo Bank, Ole Hansen, atenta para a velocidade com que os investidores estão internalizando a erosão de confiabilidade em moedas desenvolvidas. Ele nota que sequer o dólar, que tem ganhado terreno nos últimos dias, tem atraído capital suficiente, o que pode ser visto pelo forte desempenho dos metais. “O ouro continua sendo a proteção padrão contra essa lenta perda de confiança”, disse.
Hansen destaca que os investidores estão buscando alternativas com reservas de valor, como tem sido o caso do ouro. “Os pagamentos de juros pelo Tesouro ultrapassaram os gastos anuais com defesa, o Fed enfrenta escrutínio político sobre sua independência e os índices de endividamento dos mercados desenvolvidos continuam a subir, apesar do PIB nominal recorde”, argumenta o profissional ao justificar a valorização do metal precioso.
Precious Metals at Pro Aurum KG as Gold, Silver Hit Record Highs — Foto: Andreas Gebert/Bloomberg