O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), embaixador André Corrêa do Lago, afirmou nesta terça-feira (14) que o fortalecimento do multilateralismo será “central” na cúpula. Segundo ele, o mundo vive um contexto geopolítico em que medidas unilaterais ganharam força e, para isso, é preciso fortalecer argumentos que enalteçam o multilateralismo.
De acordo com Corrêa do Lago, há o risco de as pessoas interpretarem que essa defesa ficará apenas no campo da retórica, mas ponderou que está sendo mostrado que o multilateralismo é a melhor arma contra ao unilateralismo.
Apesar de não ter havido uma citação explícita, a declaração do embaixador acontece na esteira de medidas unilaterais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a diversos países. Trump, inclusive, já comunicou a saída do país do Acordo de Paris.
“Estamos vivendo um momento em que as medidas unilaterais estão mais fortes do que há muito tempo. Portanto, esse fortalecimento do multilateralismo é absolutamente central. Agora, nós temos realmente que fortalecer os argumentos para assegurar que isso seja convincente”, comentou o embaixador, ao se referir às discussões que ocorreram durante a reunião preparatória da COP30, chamada de Pré-COP.
A Pré-COP30 foi realizada ontem e hoje, em Brasília, com mais de 70 delegações. Foi uma oportunidade para que os países alinhem posições sobre os principais desafios da agenda climática global, antes da COP em si, que começa em novembro.
Ana Toni, diretora-executiva da COP30, afirmou que a defesa do mecanismo multipolar foi um dos consensos estabelecidos nas reuniões preparatórias. Nesse sentido, ela citou a convergência em relação a identificar que há lacunas no Acordo de Paris e, a partir de então, solucioná-las.
Ela disse, ainda, que outro consenso alcançado foi sobre a necessidade de novos instrumentos para valorização da natureza. Também houve consenso sobre a necessidade de "mudar a chave", para que a COP30 seja da implementação. Por fim, Ana Toni comentou que o tema da adaptação climática esteve muito forte nas discussões, mostrando que não compete com a mitigação.
Ana Toni, diretora-executiva da COP30 — Foto: Ana Paula Paiva/Valor